Entre tempos, mundos e sentimentos / Noé Teixeira
O ser humano é uma dobra,
pele frágil, memória líquida,
um eco que atravessa o ontem,
e já se projeta no talvez.
No peito: sentimentos órfãos,
alegrias que chegam atrasadas,
angústias que correm na frente
e saudades de coisas que ainda não foram.
O passado insiste em deixar marcas,
cicatrizes que brilham no escuro;
o presente tenta ser sólido,
mas escorre como areia entre os dedos;
o futuro é um vulto,
espelho rachado onde imaginamos mil versões de nós.
No multiverso, cada escolha
abre corredores invisíveis:
em um, você sorri;
em outro, você não nasceu;
em outro ainda, acreditamos ser o real, onde o pensamento viaja imaginando o que aqui não é
Somos fractais de nós mesmos,
imersos em infinitos “e se...”,
um emaranhado de destinos
que nos atravessa como ventania.
E no fundo, talvez sejamos apenas isso:
um coração tentando se orientar
na tempestade de linhas do tempo,
Parece que, em qualquer universo,
a dor e o amor
sempre encontram um jeito de existir.
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