sábado, 12 de julho de 2025




Xícara Vazia Sid Fontoura.
O dia estava frio,
Era final de tarde,
tarde de inverno,
inverno de 1982.

A fina fumaça que subia,
da tua xícara de café
trazia um clima nostálgico,
amável, de uma paz acalentadora.

Seus finos lábios sorriam,
seus olhos claros brilhavam,
ao se refletirem nos ínfimos fachos
do fraco sol que invadia nossa janela.

Eu permaneci calado,
apenas segurando tuas mãos,
Acariciava teus finos e delicados dedos.
Mãos de princesa,
Como eu chamava.

Degustamos o café,
Sorriamos ao lembrar de situações engraçadas,
Momentos únicos, pequenos momentos,
De um passado distante.

Meu coração sentia paz,
paz vinda da alma,
de uma alma que te ama.
Falar era desnecessário,
apenas sentir, deixar o coração falar,
falar por nós dois.

Mas o tempo vai passando,
esse malvado tempo,
que passa como a voar,
por um momento tão lindo.

Tu, minha divina amada,
Ergueu-se, abraçando-me,
beijando minha face.
Acariciou meus cabelos,
enquanto em silêncio,
eu observava sua xícara, já vazia.

E saiu,
saiu da sala,
saiu da nossa vida,
saiu do nosso tempo,
do nosso último café.
Meu coração não quis entender.
que tu não apenas saiu,
já era um adeus.

E na xícara, que parecia vazia,
deixou nossos sonhos,
nossos planos,
nosso mundo.


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