domingo, 25 de maio de 2025



 Panela de Ferro / Celso Ferruda


Foi aqui nesta velha panela de ferro
De cor preta, hoje, tão desprezada
Que saiu um alimento feito com amor.
Enquanto lá fora, caia, chuva fina...
folhas tremendo - aqui dentro, um vazio...
o estômago precisava se alimentar.

E a mão que conhece o amor e a bondade
Não permitiu a noite, que a dor da impiedade
Enchesse o mais dos vazios da panela.
Uns picados de carne de sol, foram rápidas
Uma água e um arroz ao fogo, surpreendeu:
Disse adeus, ao choro de fome, deste povo...

Que saudade da terra lavrada, sem lágrimas!
sulcos abençoados: a chuva regava. Eu sorria!
Tudo o que se plantava, também colhia
Não, passava fome, aquele, que plantou um dia.

Saudades da velha panela, no fogo fervendo
E daquela mulher, mãe e vó, que era só amor...
Hoje as saudades dos ancestrais são sabores
Que jamais, jamais, sentiremos outros iguais...
...

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