Dependência Virtual/ Sid Fontoura

             Atualmente vivemos um mundo de exposição e necessidade de autoafirmação, tudo tem que estar na vitrine. Pois na era da superexposição, do ego inflado, até o simples lazer virou palco de show. Assistir TV, tocar um instrumento, ler um bom livro, precisa ser postado. Pois temos que estar na mídia o maior tempo possível. Para algumas pessoas, estar off-line significa estar fora do mundo, e isto pode gerar ansiedade, pois seus amigos estão postando, e ela/ele, não.

             Se faz indispensável mostrar que estamos fortes, mesmo quando o corpo pede um tempo de descanso, mostrar que estamos felizes, mesmo quando nosso coração transborda em lágrimas. Tudo para ser postado, para mostrar, em algumas situações, aquilo que gostaríamos que estivesse acontecendo, ou sentindo, naquele momento.

             E como fica o descanso, que deveria ser simples e causar conforto, preguiça, mas agora é apenas mais um dos deveres de quem não quer, em momento algum, mostrar algum tipo de ausência. Inconscientemente achamos que o descanso, deve de alguma forma, ser produtivo, e quem não produz, teoricamente fica pra trás. Precisamos de exposição para mostrar que estamos vivos e antenados com tudo ao nosso redor, apenas esperando um like, ou um coraçãozinho.

              Até o divertimento, que tinha o dom mágico de trazer alegria e uma sensação de desligamento de alguma obrigação mais direta, até mesmo isto virou motivo de exposição, e jogar bola, correr, fazer exercícios, entre outros, tudo é motivo para postar e rapidamente compartilhar, pois alguém do grupo pode estar fazendo o mesmo, e não quero ficar pra trás.

           E se a performance deve ser exposta, a academia virou ponto chave de comparação e validação.

       E parece que, quem não está com este propósito, onde tudo é compartilhado, tem a terrível sensação de que é um peixe fora d´água, ou melhor dizendo, fora da mídia.