Poema gaúcho: Cavalgando sentimentos / Paulo de Vargas.
A noite é um poncho negro que cai sobre os ombros,
a lua, um candeeiro iluminando o caminho,
as estrelas são pensamentos feitos escombros,
na lembrança tristonha de um viver sozinho.
Quem dá ideias aos pensamentos numa vereda,
cavalga suas ilusões dum sentir sem fim,
orvalho em prantos encharca o pala de seda,
de quem ficou sem sua flor no seu jardim.
As lembranças são tristes fantasmas na mente,
aterrorizando o bate casco do pingo,
pois, quando o cavalo sente o peão ausente,
é como a igreja sem missa no domingo.
Até o sombreiro se assusta na longa estrada,
e o basto num contraponto do tal lamento,
nos patacôes das vistas, a imagem da amada,
que acompanha pelo lombo do triste vento.
Aquele que cavalga a paixão do passado,
não vê as flores no corredor do amplidão,
por certo, encontra - se eternamente calado,
e nunca mais dá boca ao próprio coração.
Outono de 2023
Ivoti RS
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