Lâminas
/ Sid Fontoura.
Durante a noite, na solidão do meu quarto, tento,
mas sem sucesso, um minuto de paz, um equilíbrio entre meus sentimentos, e
minha realidade. Mas a escuridão é cruel, e com ela vêm as lâminas pungentes e
invisíveis da mente, trazendo tudo aquilo que desejamos esquecer.
Os olhos abertos, mas sem nada ver, se turvam
pelas lágrimas, que aos poucos brotam, sem que possa controlá-las, e com elas,
aquele sentimento de abandono, de desespero.
A respiração se acelera, o corpo se contrai, os
braços circundam as pernas e o rosto quase recai sobre os joelhos, em um gesto
de completa servidão, indefeso, enquanto as cruciantes lâminas, vão aos poucos,
dilacerando meu coração, e o fazem sangrar.
Sinto-me envolto pela tristeza, mágoa, remorso, e
o manto da infelicidade cobre-me por completo.
Mas meu coração, teimoso que é, mesmo em pedaços,
não deixa de bater, resiste, persiste. Parece que naquele momento, ele roga por
uma redenção, que possa tirar-nos deste tormento.
A noite caminha lenta, perdurando minha angústia.
E quando amanhece.
A profunda tristeza se esvai, sem ao menos notar,
meus olhos tristonhos, em um canto do quarto, até
o sol raiar.
Agradeço pela postagem. É um privilégio estar presente eu teu blog.
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