Quando a música se cala, a cidade empobrece / Carmen Regina T. de Quadros
A notícia da extinção da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo, uma instituição que há 73 anos encanta gerações, representa uma perda irreparável para a cultura e a educação da cidade. Mais do que um grupo musical, essa orquestra representa um sopro de esperança para muitos alunos de escolas públicas que, sem essa oportunidade, talvez jamais tenham acesso ao aprendizado da música. Além disso, oferece trabalho a músicos que dedicam suas vidas a essa arte sublime.
Como parte desse processo, alguns polos destinados aos alunos também serão desativados, reduzindo ainda mais as possibilidades de acesso à formação musical. Para agravar a incerteza, ainda não se sabe qual será o futuro da orquestra, deixando em suspenso o destino de tantos talentos que nela encontraram um espaço de crescimento e expressão.
Não é de hoje que a música brasileira gera debates. Entre defensores de diferentes gêneros e gostos, há um consenso inegável: a música tem o poder de transformar indivíduos, estimular a criatividade e engrandecer o povo. A Orquestra de Sopros cumpre essa missão com maestria, levando cultura, disciplina e emoção a quem a ouve e, sobretudo, a quem dela participa. É um patrimônio da cidade, um símbolo de beleza em meio ao caos do mundo moderno.
A decisão de extinguir a orquestra vai além do corte de um programa cultural. É um reflexo da desvalorização da arte e da educação no Brasil. Em tempos em que a arte é muitas vezes vista como supérflua, esquecemos que ela é a base da identidade e do desenvolvimento humano. Retirar a música desses jovens é cortar asas antes mesmo que possam voar. Quantos talentos serão sufocados? Quantas vidas deixarão de ser transformadas?
A comoção que essa decisão gerou nos meios educacionais e artísticos de Novo Hamburgo – e em mim – não é em vão. É um grito de indignação contra um retrocesso que nos empobrece. Precisamos valorizar espaços como esse, onde a arte floresce e cumpre seu papel social. Silenciar a Orquestra de Sopros não significa apenas encerrar uma tradição; significa calar a esperança de um futuro mais harmonioso para muitos jovens.
Que este lamento não seja definitivo, mas um chamado para que a música volte a ecoar, mais forte do que nunca, em nossa cidade.
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